Edu Albuquerque
O grande silêncio da liderança e as verdades não ditas sobre o propósito é um tema que foi citado nos últimos anos em pesquisas acadêmicas relacionada a liderança. Mais recentemente essa relação foi aproximada ao conceito do discurso do propósito.
Existe muita coisa para se falar sobre o propósito que não está sendo dito no meio corporativo, e a transparência é a mais importante.
A transparência é um dos principais pilares de uma cultura organizacional. E para entendê-la melhor uma uma simples pergunta em relação a transparência para líderes e colaboradores que atuam nas empresas brasileiras.
A transparência tem valor e é praticada na empresa em que você trabalha? Por experiência, acredito que é os líderes das organizações tenderiam a responder mais “sim” e os colaboradores tenderiam a responder mais “não”.
A base para essa possibilidade está ligada com um tem muito citado no mundo corporativo brasileiro, o tal do propósito. Para Weeks and Ashfert (2019), o conceito de propósito é uma maneira do empregado se relacionar com seu trabalho, onde “o trabalho é encarado como um chamado pelos empregados e portanto executado quase como um princípio, uma obrigação moral “. Dada essa perspectiva do propósito, adiciona-se considerar que o papel da liderança é engajar os colaboradores para esse propósito e o papel dos colaboradores é dedicar-se com uma intensidade de obrigação moral.
Existe um grande silêncio nas organizações?
Outra perspectiva extremamente importante sobre o tema vem da incrível autora Marjolein Lips-Wiersma ((3) Marjolein Lips-Wiersma | LinkedIn) em seu artigo de 2012. Em sua conclusão ela refere-se a um buraco de transparência entre líderes e colaboradores chamado “o grande silêncio” que relaciona a gestão do significado no trabalho para descrever como líderes e subordinados são tratados como se eles não tivessem consciência das tensões entre inspiração e realidade. Ela é a grande referência quando discutimos a questão do silêncio da liderança e as verdades não ditas sobre o propósito
O propósito é uma grande inspiração e guia criado pelos líderes da organização e comunicado com grande energia. Ao sugerir um maior significado do trabalho, uma recomendação prática do estudo é de que para o trabalho ser verdadeiramente significante “tem que ser desenvolvido na compreensão de que meaning-making é intrínseca ao ser humano”. Para deixar mais claro esse conceito, a autora afirma que para ser significante, o propósito deveria ser construído e discutido junto com os colaboradores. Por que os líderes têm desespero em criar o propósito junto com seus colaboradores?
O consumo do propósito virou um produto de prateleira
Consumidores compram produtos, serviços, experiências e agora compram propósitos. Do ponto de vista acadêmico essa afirmação é bastante leviana já que existem poucos artigos que se aproximam dessa possibilidade, porém aqui, seguirei com essa afirmação por acreditar que 90% dos propósitos são peças de comunicação e não um verdadeiro guia da estratégia como a maioria diz ser.
O senso coletivo no Brasil da Faria Lima definiu propósito como um guia estratégico da empresa que causa transformações de alto impacto para o bem da nossa sociedade e do nosso planeta porém quem está comprando esse produto?
Além disso, parte dos Millenials e da geração Z estão comprando esse produto. Reforçando que conceitualmente estamos falando de pessoas que nasceram a partir da década de 80 e a geração Z a partir do ano 2000. Sendo mais claro, uma parte interessante de pessoas de 40 anos para baixo consome o propósito como um produto.
O silêncio da liderança e as verdades não ditas sobre o propósito – A crise de gerações
Em primeiro lugar, eu irei atrair mais consumidores dessas gerações, quando a empresa tiver um propósito engajador
Em segundo lugar, eu irei gerar mais desejo dessas gerações, quando a empresa tiver um propósito engajador
Agora o lado triste. O propósito em 90% dos casos não passa de uma peça de comunicação. Não posso provar, mas tenho a enorme sensação de que se as empresas realmente comprassem a briga que dizem que estão comprando, nosso mundo seria muito melhor do que é hoje. Tenho a enorme sensação de que o propósito não chega até a próxima esquina.
Certamente essa é uma grande reflexão sobre o silêncio da liderança e as verdades não ditas sobre o propósito.
O silêncio da liderança e as verdades não ditas sobre o propósito – A crise entre líderes e colaboradores
Eu não estou questionando o uso do propósito como uma estratégia de comunicação, e como profissional de marketing durante anos, não faria o menor sentido eu questionar essa utilização. Pelo contrário, estou questionando o vazio que existe nessa realidade.
Da perspectiva dos colaboradores, ao perceberem que o discurso do propósito “não é bem assim”, eles podem entrar em choque com a inspiração e a realidade, e dessa maneira perceber incoerências nesse discurso.
Um mundo paralelo e tóxico surgirá quando existe um descolamento entre a inspiração e a realidade, reduzindo o poder da transparência e da objetividade. Portanto se você está se identificando com essa descrição, provavelmente deve estar aguardando que eu descreva qual é a grande solução para essa situação. Eu de fato não sei. Mas as hipóteses também existem.
Meaning-making como solução para a relação entre silêncio da liderança e as verdades não ditas sobre o propósito
Para reduzir o grande silêncio da liderança em relação ao propósito, a criação, desenvolvimento, acompanhamento e decisão sobre o propósito devem ter a participação dos colaboradores. Na literatura acadêmica e principalmente no estudo de Lips-Wiersma, podemos perceber que o meaning-making é intrínseco ao ser humano e faz parte de nossa essência dar significado aquilo que estamos fazendo Quanto mais significante aquilo que fazemos é, mas engajado estamos. E significado é algo extremamente individual.
Ao seguirmos com esse pensamento, deveríamos passar a contratar pessoas para nossos times que naturalmente tem alguma relação com o nosso propósito. Dessa maneira, a nós como líderes seria muito mais reconfortante ter um time que realmente interage com aquele propósito. Inegavelmente seria uma boa ferramenta para a questão do silêncio da liderança e as verdades não ditas sobre o propósito
Eu acredito que com essas ações o propósito realmente poderia tomar seu caminho de ser o guia das organizações de impacto para criar negócios lucrativos que melhorem a sociedade em que vivemos. Aqui na Limonada estamos preparados para construir uma estratégia aderente ao propósito da sua companhia. Acesse o link e descubra mais o que podemos fazer por você. Consultoria – Limonada (alimonada.com.br)
Quem é a Limonada?
A Limonada é um hub de soluções corporativas que nasce para transformar times, líderes e negócios. Fundada por Eduardo Albuquerque, Aline Gomes e Marcela Cuenca, a Limonada oferece a seus clientes um conjunto de serviços que potencializará o desenvolvimento de seus colaboradores, a formação de uma liderança preparada para a transformação, e o desenvolvimento de negócios de alto impacto.