Edu Albuquerque
A curiosidade sobre o sistema imunológico das empresas
Minha curiosidade me levou a refletir durante essa semana sobre o sistema imunológico das organizações. Mas como toda a organização é um conjunto de pessoas, esse sistema de proteção deve estar totalmente ligado a sua liderança.
Escutamos muito sobre esse tema nos últimos dois anos graças a infeliz e trágica pandemia da Covid-19. O sistema imunológico é o sistema que nos protege de invasores perigosos e que possam causar algum prejuízo ao nosso organismo. De alguma maneira o papel tenta manter o equilíbrio de funcionamento do corpo humano. Ao correlacionar isso com o mundo das empresas, posso presenciar todos os dias, o sistema imunológico das organizações trabalhando fortemente para manter o equilíbrio.
O que minha curiosidade tem me provocado, principalmente em minhas consultorias e em minhas aulas de transformação digital e inovação, é que grande parte das empresas necessita mudar para manter-se viva e competitiva em um ambiente extremamente instável. Estamos dentro de uma revolução. A revolução digital é tão rápida que tem nos obrigado a mudar em uma velocidade que não estávamos preparados.
É nesse contexto que o sistema imunológico entra em ação. Ele tem como papel manter o equilíbrio do organismo atual. Porém as empresas precisam mudar. E agora precisamos acabar com o sistema imunológico da liderança.
A teoria da Autopoieses e a limitação de olhares
Humberto Maturana e Francisco Varela escreveram sobre a Teoria da Autopoieses. A teoria afirma que aprendemos a considerar sistemas vivos como entidades distintas porque insistimos em entendê-los de nosso ponto de vista de observadores, em vez de tentar entender sua lógica interna. Segundo eles, “todos os sistemas vivos são sistemas de interação organizacionalmente fechados e autônomos que fazem referência somente a eles mesmos “. Isso quer dizer que até mesmo quando olham para as interações externas da organização, os indivíduos olham para aquilo que querem ver. Portanto, a realidade torna-se deturbada e limitada pelo desejo do olhar interno da liderança.
Ao analisar a teoria de Maturana e Varela refleti sobre como os líderes ao buscar proteger a organização de uma realidade tão incerta e instável, como a atual, tentam se auto proteger. O sistema imunológico desses líderes, de alguma maneira, pode negar a realidade e mirar somente para a sua proteção. É assim que um sistema imunológico opera. É assim que um sistema imunológico se defende.
A fraqueza dos líderes para incentivar a transformação
Dada a necessidade de se proteger diante de tantas mudanças, esses líderes desconsideram a necessidade de mudança. Tendem a defender suas posições, cargos, salários e benefícios, até causarem uma dificuldade tão grande para a empresa que acabam sendo desligados, ou até mesmo a própria empresa deixa de existir.
Olhando por uma lupa externa, poderíamos considerar esses líderes fracos e egoístas, além de totalmente despreparados para causar a mudança. Porém ao olhar com uma lupa mais detalhada, percebemos que seu sistema de proteção está biologicamente reagindo para tentar garantir sua existência e seus benefícios. Não é certo somente julgá-los, mas sim pensarmos em como solucionar essa enorme dificuldade.
Ao refletir sobre essa necessidade de transformação tão veloz, encontramos um dilema biológico pela frente. Nosso organismo foi criado durante milhões e milhões de anos. Nós não temos a capacidade de biologicamente nos transformar com tanta velocidade. E dessa maneira, ao repetir esse mecanismo, não conseguimos implementar essa mesma velocidade em nossos negócios, porém estamos sendo obrigados a fazer isso com nossas empresas.
Líderes egoístas que só se protegem entrarão em extinção
Ao não precisamos mais de líderes egoístas que não tem a capacidade de apoiar as organizações a se adaptarem com velocidade, naturalmente, entrarão em extinção. Esses líderes só têm a capacidade de pensar em seus benefícios próprios e em manter seus empregos e seus benefícios. Até mesmo deveríamos questionar se ainda devemos chamá-los de líderes. No nosso mundo, e nos próximos anos, líderes de verdade, são aqueles que nos ajudarão a transformar organizações e sociedades. E esse discurso me faz entrar na grande reflexão que tenho a dividir com todos vocês.
Líderes com propósito
Acredito fortemente que devemos produzir em escala industrial líderes com propósito. Essas pessoas são extremamente engajadas com aquilo que acreditam. Dedicam-se com toda a energia e vontade para atingir objetivos que vão além de sua própria proteção. Esses líderes têm vontade de criar mudanças.
Mais importante do que tudo isso é que acredito que essa nova liderança tem a capacidade de desenvolver um sistema imunológico extremamente veloz e ágil, que se adapta fortemente a realidade, e que ao invés de proteger o organismo atual, ajuda a acelerar a mudança do organismo para atingir seus desejos futuros.
Talvez esses líderes tenham a capacidade de olhar para seu sistema imunológico muito além de uma visão egocêntrica. Talvez esses líderes tenham a capacidade de desenvolver um sistema imunológico que teria uma visão mais globocêntrica.
Quem é a Limonada?
A Limonada é um hub de soluções corporativas que nasce para transformar times, líderes e negócios. Fundada por Eduardo Albuquerque, Aline Gomes e Marcela Cuenca, a Limonada oferece a seus clientes em um único local um conjunto de serviços que potencializará o desenvolvimento de seus colaboradores, a formação de uma liderança preparada para a transformação, e o desenvolvimento de negócios de alto impacto.